Durante a apresentação do candidato social-democrata à Câmara de Beja, Durão Barroso atribuiu os problemas da região à «incapacidade dos autarcas». O candidato João Paulo Ramôa propõe, como solução, uma democracia mais participada.
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A situação de «periferia e marginalidade» que caracteriza o Alentejo deve-se não só «a falhas» governativas, mas também à «incapacidade dos autarcas», acusou Durão Barroso, em Beja, na quinta-feira.
O líder do PSD fez estas declarações durante a apresentação do candidato social-democrata à câmara de Beja, João Paulo Ramôa, de 40 anos, líder da concelhia local. Perante milhares de militantes, o líder laranja realçou que a região precisa de autarcas com «maiores competências».
«Em grande parte do Alentejo, principalmente no Baixo Alentejo, o progresso tem passado muitas vezes ao lado, não apenas por falhas deste ou daquele Governo, mas também por incapacidade dos autarcas, pois não têm sabido atrair para a região os fundos ou reivindicar perante os governos», argumentou.
Apesar da maior parte dos recados serem dirigidos aos autarcas da CDU - que lidera nove câmaras do Alentejo ao passo que o PS controla quatro e o PSD apenas uma -, Barroso não poupou críticas ao governo «centrista» de António Guterres.
«O Alentejo está hoje mais longe da média nacional e da região de Lisboa e Vale do Tejo do que estava em 1995. E isto não é exagero. Este Governo, apesar de tantas promessas de regionalização, é o governo mais centralista e socialmente e regionalmente mais injusto que já houve desde o 25 de Abril», garantiu o presidente do PSD.
Projecto socialista é um «triângulo das Bermudas»
Por seu lado, o presidente da Distrital de Beja do PSD, José Raúl Santos, deu exemplos de «promessas não cumpridas» do executivo socialista para a região.
O lider distrital do PSD referiu-se ao anunciado triângulo de desenvolvimento que envolve Alqueva, o Aeroporto Civil na Base Aérea de Beja e o Porto de Sines.
«Com o andar dos tempos, fomos percebendo que estamos perante um triângulo, de facto, mas de desilusão. Na verdade, este projecto socialista acabou por se transformar num novo «triângulo das Bermudas», «insondável e misterioso», ironizou.
«Insondável», continuou, porque «ninguém sabe o que se passa em relação à realidade concreta destes três empreendimentos» e misterioso «porque os baixo-alentejanos continuam a ser mantidos na mais perfeita ignorância quanto aos fundamentos» daqueles projectos.
PSD quer uma «democracia mais participada»
Para alterar este estado de coisas, João Paulo Ramôa propõe uma «democracia mais participada» e um programa de actuação assente em quatro vectores principais: desenvolvimento e equilíbrio dos espaços urbanos, apoio ao desenvolvimento económico, aposta na cultura, no desporto e no lazer e melhor distribuição da riqueza.
Os «opositores» de João Paulo Ramôa na «corrida» eleitoral de Dezembro em Beja, também já são conhecidos. A CDU recandidata Carreira Marques, o PS aposta em Agostinho Moleiro, o Bloco de Esquerda apresenta Abel Ribeiro e o PP candidata Luís d'Argent.